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O que é arquitetura emocional e como aplicá-la nos projetos?

arquitetura emocional

Nenhum profissional de arquitetura ou design discordaria da afirmação de que o sucesso de um projeto depende diretamente das emoções e sensações que ele provoca nos usuários. Então, como a arquitetura emocional é diferente do que você já faz no dia a dia?

É muito mais do que somente um conceito. É a provocação das emoções nos clientes e usuários através do fio condutor do projeto: a experiência. Nesse sentido, diversos sentimentos poderão ser explorados: interesse, estranhamento, solidão, medo, reverência, admiração, entre tantos outros.

Para isso, pontos importantes de um projeto, como a funcionalidade e a estética, poderão perder um pouco de espaço. No entanto, a menos que o escopo seja criar uma obra de arte conceitual, jamais se esqueça de que o segredo será conciliar o conforto, a ergonomia, a inovação e o toque pessoal do cliente. Quer saber mais? Acompanhe!

O que é arquitetura emocional?

Se enquadra dentro de uma área mais ampla — a neuroarquitetura. Essa tendência tem como foco trazer respostas sobre as nossas relações com o design e arquitetura, explicando por que reagimos positiva ou negativamente a determinados espaços. Atualmente, a neurociência encontrou quatro estados afetivos no ser humano. Apesar de nos referirmos a todos eles no dia a dia como emoções, eles são bem distintos:

Emoções propriamente ditas

As emoções estão relacionadas às reações diante de um determinado evento, objeto ou ambiente. Portanto, são transitórias, podendo durar poucos segundos ou até algumas horas. Isso pode parecer pouco, mas as memórias que são criadas nesses momentos mais intensos geralmente são mais vívidas e duram por mais tempo. Assim, tornam o trabalho do arquiteto mais vivo nas pessoas.

Humor

O humor é um estado psíquico, e pode se estender por um período mais longo (desde dias até semanas) e modula as emoções que os indivíduos sentem. Também, não são provocados por eventos únicos e eventuais, mas estímulos repetidos de forma externa ou interna a nossa mente.

A arquitetura consegue modular o humor dos usuários nos espaços, especialmente nos projetos residenciais e comerciais, nos quais passam a se tornar parte do cotidiano dos indivíduos. Então, é preciso alinhar a arquitetura com as emoções que promovem os objetivos dos clientes:

  • para os clientes corporativos que precisam de maior concentração dos colaboradores, é importante evitar estímulos que podem provocar agitação e euforia, como excesso de formas pontiagudas e muitas cores vivas;
  • para promover estados de humor mais amenos em qualquer tipo de projeto, a biofilia é uma aliada importante, pois o contato com elementos naturais bem como como o contato com plantas e a luz natural , promovem a sensação de bem estar e relaxamento;
  • por sua vez, se o cliente desejar que os usuários do ambiente tenham mais interação entre si e se sintam mais descontraídos, o espaço precisa proporcionar por meio das cores vivas e das formas mais arrojadas, por exemplo.

Traços emocionais

Traços emocionais são características que demoram mais tempo para se modificar. Eles não são resultados de estímulos, mas de predisposições psíquicas, genéticas e desenvolvimentais do indivíduo. Além disso, são genéricas e influenciam todas as perspectivas.

Por exemplo, o traço de extroversão significa que aquela pessoa “recarrega” sua energia por meio de estímulos externos. Assim, fica bem-humorada no contato com outras pessoas e em ambientes repletos de estímulos, como sons e imagens. Já os introvertidos precisam de mais silêncio e espaço individual.

Por esse motivo, é importante conversar bastante com o cliente para compreender o seu perfil, sua visão de mundo e seus objetivos pessoais. Afinal, a arquitetura poderá auxiliar na transformação desejada. Nos projetos corporativos, por exemplo, é importante saber o perfil de traços emocionais dos profissionais daquela área, para melhor atender e satisfazer o cliente.

Sentimentos

São disposições emocionais direcionadas a uma categoria, ligadas especialmente às memórias. Na arquitetura, lidamos frequentemente com os sentimentos quando ouvimos em relatos os clientes falarem: “detesto tal cor” e “amo arquitetura sustentável”. O principal trabalho aqui é criar emoções tão fortes que elas se tornam sentimentos. Isso exige bastante inovação: estar conectado com aquilo que é mais valorizado pelo mercado, entender as necessidades dos clientes e trazer uma abordagem única.

Como aplicar a arquitetura emocional nos seus projetos?

Para isso, pense em três perspectivas do desenvolvimento das emoções.

Evolutiva

Para sobreviver no ambiente selvagem, nosso cérebro teve que aprender a fugir de ameaças e procurar segurança. Então, elementos que remetem à luta pela sobrevivência, como frio, calor, medo ou dor, provocam reações intensas e negativas. O que remete ao abrigo e à proteção desencadeia sensações positivas. Hoje em dia, nós os tratamos principalmente pela óptica do conforto.

Portanto, nossa mente se desenvolveu para varrer o ambiente em busca de ameaças e reagir prontamente a elas. Como nosso habitat não é mais a selva, os elementos arquitetônicos se tornam a principal fonte de informação. Assim, há uma busca instintiva por conforto, aconchego e ergonomia.

Feedback corporal

As emoções são resultado de uma série de reações bioquímicas, desencadeados por respostas temporárias (feedbacks) a estímulos internos ou externos. Sua intensidade e a frequência trazem modificações mais permanentes, alterando o funcionamento de determinados neurônios. No caso das emoções negativas, o principal mecanismo é a luta e fuga.

Diante da sensação desagradável (a qual o corpo interpreta potencial ameaça), são liberados hormônios e neurotransmissores do sistema adrenérgico (adrenalina). Seu objetivo é preparar o corpo para queimar o máximo de energia em um curto intervalo de tempo e fazer com que a pessoa se afaste do problema. Com isso, a mente volta todo o seu foco para a ameaça.

No ambiente de trabalho, isso se traduz na perda da concentração e da produtividade. Nos espaços residenciais, a pessoa vai sentir que a casa não é confortável e se sentirá incomodada ou estressada.

Em geral, na arquitetura, devemos evitar o desencadeamento do feedback de luta e fuga ao promover a saúde, o conforto e o bem-estar por meio das práticas ergonômicas. Assim, um novo estímulo entra em cena – o de recompensa. Ele ativa o sistema colinérgico, que utiliza a energia corporal de forma lenta, motiva a pessoa a continuar naquele espaço e se expressa em sensações de relaxamento e repouso.

Por exemplo, se um elemento do design de interiores como a mesa ou a cadeira não for ergonômica, ela provocará emoções negativas e fará com que o usuário busque parar de se expor ao problema. Caso ele permaneça em contato com a causa, a emoção se torna um sentimento forte e negativo, como o “odeio esse mobiliário”. Com o tempo isso pode afetar o humor e provocar reações de tensão e desconforto de forma constante.

Cognitiva

Por fim, temos o desdobramento cognitivo, isto é, quando as emoções interagem com a linguagem e as funções executivas (atenção, planejamento e memória de trabalho). O juízo (a voz interna da mente) está constantemente interpretando os eventos internos e externos, para que eles sirvam de “lição” para o presente e para o futuro. Ou seja, nosso cérebro se desenvolveu para otimizar o aprendizado com as experiências.

Por isso, existem os fenômenos chamados de loops emocionais, nos quais uma emoção modifica a qualidade das emoções posteriores. Eles podem ser:

positivos — a emoção positiva ativa o sistema de recompensa em nosso cérebro. Assim, a pessoa sente mais prazer em trabalhar na tarefa e no objetivo que está engajada. Por estar satisfeita, ela avalia suas ações de forma mais positiva, mantendo um ciclo de motivação e concentração;

negativos — uma emoção negativa aumenta as chances de que a próxima também seja negativa. Consequentemente, as funções cognitivas ficam comprometidas – todas as ações são interpretadas da mesma forma até que um próximo estímulo consiga superar a intensidade do desconforto.

A arquitetura tem um grande potencial de influenciar nesses processos. Elementos, que inicialmente parecem simples, transformam-se em grandes modificadores de emoção:

  • no mesmo exemplo do mobiliário, se a cadeira for muito confortável e aconchegante, ela poderá interromper o ciclo negativo do estresse do trânsito para o trabalho;
  • a ergonomia faz com que o ambiente se torne um estímulo para loops emocionais positivos, aumentando a produtividade e a eficiência dos usuários;
  • a inovação no mobiliário e na construção promovem feedbacks positivos para a criatividade, ajudando a promover novas ideias.

Portanto, quando você elabora seus projetos sobre a perspectiva da arquitetura emocional, as chances de sucesso ficam muito maiores. Tendo isso em vista, o desenvolvimento dos produtos FWAY considera todos os aspectos que podem levar a uma experiência memorável, desde o design até os materiais utilizados.

Quer saber mais sobre a neuroarquitetura e a humanização que ela traz para os projetos? Confira este nosso post sobre o tema!

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